Ano de escolaridade:
10.º ano
Disciplina/área curricular:
Filosofia
 
Domínio/Tema:

Ciência e construção — validade e verificabilidade das hipóteses. O problema da demarcação do conhecimento científico.

Prova/Ano escolar:
Exame final nacional de Filosofia (714) | 1.ª Fase de 2024
Palavras-chave:

argumentar; filosofia da ciência; problema da demarcação da ciência; falsificação; confirmação

 

Apresentação do Item (Clique aqui para aceder à prova em PDF):

 

 

Características do Item
Tipologia:
Item de construção
Formato:
Resposta extensa
Tipo de suportes:
Sem suporte
Nível de complexidade cognitiva:
Nível 3 (superior) – Avaliar, explorar, criticar
 
Dados estatísticos
        Percentagem de acerto:
36%
        Grau de dificuldade:
 
Difícil
 
Objetivos do item: o que se pretende avaliar e sua relação com as AE e o PA

Responder ao problema da demarcação da ciência (defendendo a existência de (um) critério(s) de demarcação – e explicitando-o(s) – ou opondo-se à existência de (um) critério(s) de demarcação); argumentar a favor de uma posição pessoal (recorrendo a, pelo menos, um exemplo ilustrativo ou justificativo da posição defendida); mobilizar conceitos e teorias relevantes para a resposta ao problema da demarcação da ciência.

 

Relação com as AE e o PA

 

AE – Formular o problema da demarcação do conhecimento científico, fundamentando a sua pertinência filosófica.

        Enunciar os critérios que permitem diferenciar uma teoria científica de uma teoria não científica.

 

PA – Linguagens e textos (utilizar de modo proficiente a língua materna; dominar capacidades nucleares de expressão na modalidade escrita); Informação e comunicação (mobilizar informação de forma crítica e autónoma); Raciocínio e resolução de problemas (tomar decisões para resolver problemas); Pensamento crítico e pensamento criativo (argumentar a partir de diferentes premissas e variáveis; pensar de modo abrangente e em profundidade, de forma lógica, analisando informação, ou ideias, argumentando com vista à tomada de posição fundamentada); Desenvolvimento pessoal e autonomia (tomada de decisões fundamentadas, que possibilitam uma autonomia crescente); Saber científico, técnico e tecnológico (mobilização da compreensão de fenómenos científicos).

 
Critérios de classificação (Clique aqui para aceder aos critérios de classificação em PDF):

Os critérios de classificação apresentam-se organizados por parâmetros e por níveis de desempenho. Os parâmetros são ângulos de análise do desempenho do aluno (a seleção dos parâmetros decorre das AE e do PA). Cada nível de desempenho expressa um grau de qualidade do desempenho do aluno.

 

 
 

A - Introduzir as noções de ciência e pseudociência

1) Solicitar aos alunos diversos exemplos de ciências ou de teorias científicas (das ciências da natureza, das ciências sociais e    humanas, das ciências aplicadas, etc.).

2) Partir dos exemplos dados pelos alunos e das suas intuições para iniciar um debate exploratório sobre a natureza e a função das teorias científicas: «O que é uma teoria científica?», «Como reconhecer uma teoria científica?». «Para que servem as teorias científicas?», confrontando depois as principais conclusões desse debate exploratório com os resultados de uma breve pesquisa orientada online (pode-se começar, por exemplo, pelo sítio Saber Ciência, disponível em: < https://saberciencia.tecnico.ulisboa.pt/

3) Introduzir a noção de pseudociência, começando por esclarecer o significado do prefixo “pseudo”, e solicitar aos alunos possíveis exemplos de disciplinas e de teorias pseudocientíficas. Discutir os exemplos dados pelos alunos, pedindo-lhes para explicitarem as razões em que se apoiaram para distinguirem a verdadeira ciência do que consideram ser falsa ciência.

 

B – Esclarecer a importância do problema

1) Discutir a questão: «Mas será mesmo preciso distinguir a ciência da pseudociência? Porquê?»; «Que tipo de razões há para procurar um critério de demarcação?

2) Explicitação de implicações sociais do problema da demarcação, identificando situações práticas cuja resolução dependa de uma resposta ao problema (por exemplo, a atribuição de bolsas de investigação ou a definição de políticas públicas de saúde e de educação).

 

C – Algumas respostas ao problema da demarcação

1) Apresentar uma primeira proposta de critério de demarcação: o critério verificacionista. Explicar que se trata de um critério empírico, como funciona, quem o defende e por que razão se chama «verificacionista» (os cientistas devem provar o que afirmam), dando exemplos simples.

2) Discutir com os alunos o critério verificacionista, perguntando-lhes se as leis científicas (dar exemplos), que são universais, poderão ser empiricamente verificadas ou sequer confirmadas. Cabe aqui relembrar o problema da indução já levantado por Hume e recuperado por Popper com o intuito de rejeitar o critério verificacionista.

3) Apresentar a proposta alternativa de Popper: o critério falsificacionista. Explicar que também se trata de um critério empírico, como funciona e por que razão se chama «falsificacionista» (testar, em vez de provar, teorias é o traço distintivo da ciência), dando exemplos simples.

4) Discutir o critério falsificacionista, interrogando os alunos se basta as teorias serem falsificáveis para serem científicas (haverá contraexemplos?), se os cientistas abandonam realmente as suas teorias quando os resultados não batem certo com as previsões (haverá contraexemplos?) ou se os cientistas realmente procuram sempre falsificar as suas teorias (haverá contraexemplos?).

5) Concluir que a discussão sobre o problema da demarcação continua em aberto, introduzindo brevemente a resposta cética, defendida por vários filósofos, de que não é possível encontrar um critério de demarcação.

 

D – Sugestões de pesquisa e consolidação

1) Identificação, em textos, de objeções à existência de (um) critério(s) de demarcação.

2) Elaboração, a pares ou em grupo, de um quadro-síntese relativo ao problema da demarcação da ciência (problema, respostas, razões a favor das respostas, objeções às respostas).

3) Retomar brevemente o problema da demarcação após a lecionação dos outros problemas de Filosofia da Ciência.

 

E – Preparar a defesa de uma posição pessoal

1) Análise de um guião de avaliação de ensaios argumentativos – identificação dos elementos de um bom ensaio argumentativo.

2) Esquematização de ensaios argumentativos – seleção e sequenciação dos conteúdos mobilizados na argumentação; discussão em pequeno grupo dos esquemas produzidos.

3) Redação de breves ensaios argumentativos que envolvam o posicionamento em relação ao problema da demarcação da ciência.

4) Debate, moderado pelo professor ou por dois alunos, no seguimento da apresentação dos ensaios.


* Complexidade não é sinónimo de Dificuldade.
A complexidade tem a ver com o processo cognitivo que é requerido para a realização da tarefa ou do item de avaliação. É definida antes e durante o processo de construção da tarefa ou do item.
A dificuldade pode e deve ser estimada, mas só é possível determinar com exatidão depois da aplicação do instrumento/tarefa, através dos resultados obtidos.